PÁSSAROS CANOROS

Os fringilideos são alguns dos pássaros mais apreciados e, talvez por isso, também mais perseguidos. Não há cidade, vila ou aldeia onde PINTASSILGO, PINTARROXO E LUGRES E VERDILHÕES, TENTILHÕES não alegrem o ambiente,com seus trinados lançados das gaiolas.Também não há comunidade humana onde não prospere o passarinheiro,homem perito na captura das aves melhor cotadas do mercado,que são precisamente os citados fringilideos. por esse motivo, talvez sejam poucas as pessoas que não viram e ouviram cantar um PINTASILGO.No entanto será que prestaram atenção à muito complexa e elaborada função do canto?

observemos um PINTASSILGO macho, enquanto canta na gaiola: o peito inchado, o porte erguido, as asas levemente abertas e a garganta a vibrar a cada nota que vai saindo da sua prodigiosa siringe. o leve movimento de toda a porção cefálica do PINTASSILGO,inclusive do bico,que é exigido pelas notas dos seus hinos peculiares,provoca o mais alto potencial de comunicação óptica, através do tremor espectacular dos contrastados tons cromáticos que embelezam a cabeça do pássaro. O vermelho carmim da face e o desenho em preto e branco da cabeça e faces, chamam a atenção de todos os transeuntes, como se fossem um pequeno e brilhante semáforo tricolor que dificilmente pode passar desapercebido a qualquer criatura dotada de boa vista. Como se a mensagem acústica não fosse suficientemente eloquente e a comunicação óptica não chamasse bastante a atenção, o passarinho ainda move as asas entreabertas, exibindo a mancha alar amarela, cor ausente na cabeça, cuja cintilação chega a todos os recantos da floresta. Que pretende o PINTASSILGO com tão assombroso esbanjar de sons e cores? Obter o primeiro prémio num campeonato de cantos e beleza? Verdade seja dita, tenho que confessar que as intenções do PINTASSILGO estão longe das boas intenções dos seus admiradores. Quando um PINTASSILGO canta no seu meio natural, pretende unicamente comunicar a todos os PINTASSILGOS machos da mata, que se propõe ser o único proprietário do território que escolheu para construir o seu ninho.